Este percurso em 10 vídeos apresenta uma proposta clara e essencial: a missão cristã é simples, urgente e é para todas as pessoas, não como teoria, mas como movimento de encontro, partilha e proximidade.
A missão nasce sempre do mesmo núcleo: o amor de Deus que vê e acolhe cada pessoa individualmente. A partir daqui, todo o percurso caminha na direção do essencial, levando-nos para fora da indiferença e aproximando o olhar do coração do outro. Esta ideia dialoga com o legado da Evangelii Nuntiandi, onde se reforça que evangelizar é identidade e não tarefa acessória, e com a força renovadora da carta Evangelii Gaudium, que nos lembra que a missão deve ser expansiva, livre e cheia de alegria, com o primeiro passo dado na direção do outro, sem defesa automática nem esquemas complicados.
Ao longo dos 10 vídeos, desenvolve-se uma narrativa em 3 eixos centrais:
- A urgência da missão
A missão cristã não pode ser adiada. A kénosis recorda-nos que a missão acontece quando nos desarmamos, deixamos de controlar tudo e nos colocamos numa atitude de humildade e verdade. Vivemos num mundo com muitas divisões culturais e ideológicas, onde o confronto tenta dominar as narrativas. Mas aqui a missão faz o contrário: deposita as armas, aproxima-se sem ameaçar, partilha sem absorver. Esta urgência não vem da ansiedade do fazer, mas da necessidade do ser: se a fé é fonte de felicidade profunda, a missão é a consequência natural dessa difusão. O bem não se fecha; espalha-se. - A simplicidade do anúncio
O percurso destaca repetidamente a metáfora do deserto e da sede: quem encontra uma fonte de água, não a esconde. Revela-a, partilha-a, aponta o caminho. Este princípio reflete-se na forma como Jesus falou à multidão quando disse que era preciso “dar de comer” – um gesto simples que se tornou salvação para todos os que O ouviam e um dever natural para quem recebe algo bom: amor gera partilha, não imposição.
A palavra “tolerância” é aqui recuperada na sua raiz latina: tolerare – suportar, carregar com o outro, ser ponte, não parede. A missão cristã não é indiferença, nem relativismo, nem discurso vazio. É reconciliação real, cuidado concreto e partilha alegre do essencial, na liberdade e na confiança perenes. - A partilha comunitária e sem barreiras
A missão é para crentes, não crentes, pessoas com dúvidas, quem tem outra fé ou quem ainda não sabe nomear a sua. Este percurso mostra que a missão não absorve culturas nem ideologias; reconhece-as como rostos com história, singularidade e um “eu” próprio. A diferença é tratada como riqueza transformadora e não como ameaça.
A missão parte de Deus, mas passa sempre pelo rosto do outro: é ali que a pergunta sobre Deus permanece viva e onde a revelação acontece com doçura. A missão não pertence a pessoas heroicas e inalcançáveis. É simples: do coração ao coração. Da vida real ao anúncio que liberta.
A missão em 10 vídeos
Vídeo 1: Porquê a missão, afinal?
Explora a razão interior da missão: amar e ser amado é desejo universal. Se o bem tem tendência a difundir-se, a missão é resposta natural a um amor recebido. É atravessar a indiferença em direção ao outro. A missão não começa num manual cheio de técnicas, mas numa pergunta humana e radical: “Que bem carregamos que não pode ficar guardado?”
Vídeo 2: Qual é o coração da mensagem?
Foca-se na ideia de que o centro da fé cristã é uma declaração antes de tudo relacional: “Deus é amor!” A missão não é ensinar fórmulas teológicas complicadas, mas comunicar a beleza de um amor incondicional que nunca exclui ninguém.
Vídeo 3: Como se faz a missão? Em diálogo.
Mostra que a missão é sempre um diálogo sincero entre culturas. Conceitos como pessoa→“Tu”, olhar transformado e encontro libertador realçam que falar de Deus implica escutar primeiro. O vídeo sublinha que um diálogo verdadeiro com outras visões do mundo não destrói a identidade — revela o essencial num novo idioma do quotidiano.
Vídeo 4: Com que espírito? Revolução da Misericórdia.
A missão cristã precisa do espírito da misericórdia, que não romantiza a história nem relativiza o mal, mas dá sempre um novo início. Vulnerabilidade é ponte; não fraqueza descartável.
Vídeo 5: É possível planear a missão? Sim, com exemplos concretos.
Apresenta 20 inspirações práticas de missionariedade provadas, especialmente em contextos europeus: rua aberta à diversidade, carta pessoal, oração como novo início, igrejas acessíveis sem barreiras, café como lugar de encontro espiritual, escolas como pontos altos de redescoberta da filiação, cuidar dos doentes e dos pobres, missão porta-a-porta como proximidade e não marketing, missa como festa comunitária, etc.
Vídeo 6: Como lidar com a história da missão?
Enfrenta sombras e luzes do passado, realçando a libertação de discursos condescendentes e a necessidade de humildade. Faz-nos questionar não “como trazer para dentro”, mas “como sair para encontrar”. Este vídeo dialoga com o pensamento de Emmanuel Levinas: só encontramos Deus no encontro verdadeiro com o outro.
Vídeo 7: O que há de novo?
Mostra o renascimento de escolas de fé e missão, a necessidade de grupos transformadores e o alicerce de um novo modelo de comunidade “aberta e enviadora”. Não isolada, mas ponte para reconciliação.
Vídeo 8: Como crescemos? Um passo de cada vez.
Crescimento não é acumular participantes, mas levar pessoas com histórias únicas a um diálogo contínuo, salutar e humano — que renova a igreja e a sociedade de forma interpessoal.
Vídeo 9: Quais são as nossas forças? Os charismes.
Realça a missão como vocação pessoal e comunitária. Todos têm algo infinitamente precioso e próprio a dar: empatia, escuta, transformação do olhar e a coragem discreta de partilhar aquilo que anima.
Vídeo 10: Que Igreja queremos? Uma comunidade sem muros, com pontes.
A missão constrói a comunidade que envia e que reúne. O vídeo mostra que a comunidade cristã deve ser refeita “em rosto humano”: livre, desconstruindo sistemas opressivos, denunciando sectarismos e populismos (sejam ideologias agressivas ou instrumentalização totalitária da religião), e levando o olhar para um lar com aceitação profunda e perdão. Este lar é Deus mesmo, presente no meio de todos os que se permitem um novo início.
Urgência e simplicidade
Este percurso sublinha que enquanto existirem pessoas abandonadas no “bordo da estrada”, a missão não pode descansar na auto-preservação, nos horários rígidos ou em linguagens que já não chegam às pessoas.
A missão cristã tem uma urgência decisiva:
- Não é programa reservado ao “resto pequenino”, mas para todos — os que têm fé e os que ainda nem sabem nomear a pergunta sobre Deus.
- Não é “absorver culturas”, mas reconhecê-las como “Tu”.
- Não é método complicado; é sobre-abundância de amor.
Se por vezes a missão se tornou “impossível” por causa das feridas do passado, ela é hoje “mais possível do que nunca” se for radicada na humildade, no coração, na liberdade e na simplicidade que cada pessoa consegue compreender.
Porque se em palavras nos calamos, as pedras falarão, como lembrado no livro e ecoado no vídeo. E não podemos permitir que esse diálogo, que pertence à família humana inteira, grite sozinho sem que nós estejamos lá para oferecer a fonte de abrigo e amor que é Deus.
Esta missão é urgente, simples e começa hoje — do coração ao coração, no movimento da misericórdia que abre portas e constrói lares sem muros.
